quarta-feira, 26 de novembro de 2014

O PERCURSO DE UMA VIDA

O Percurso de uma Vida

Onze meses antes da reencarnação o Espírito per­corre, acompanhado de seu Mentor, os lugares onde viveu suas várias encarnações. Não se trata exata­mente de uma viagem topográfica, mas, de certa forma, o itinerário é baseado nos pontos magnéticos gerados pelas Energias Cármicas deixadas por ele. Dentro dessas coordenadas ele escolhe o seu plano encarnatório, a começar pela mãe, o pai, os amigos e os inimigos que irá ter. Prevendo as pró­prias vacilações, ele escolhe também um futuro Amigo e Protetor que irá ajudá-lo na penosa experiência. Depois disso ele entra para o chamado sono cul­tural, enquanto o plano é executado pelos Mentores, entrando no jogo os Espíritos encarnados e os desencarnados que irão relacionar-se com ele nessa encar­nação. Isso mostra claramente que o livre arbítrio é que preside todos os atos. Mesmo depois de encarnado, quando esquecido da escolha feita, se ele não quiser aceitar as condições que se impôs, ele pode fugir ao cumprimento do programa. Essa fuga entretanto ape­nas lhe traz mais angústias e transfere os problemas para mais tarde. Mas, o importante é que Deus não tem pressa… E assim, um Ser Humano nasce em determinado lugar, sua família muda-se para outro lugar, ele cresce e viaja para outro lugar e pode acabar sua vida em algum lugar bem distante de onde começou. Acaso? – Não, não existe acaso na vida humana a não ser na aparência sensorial. Atrás de cada acontecimento de nossas vidas, do mais banal ao mais importante, existe sempre um intrincado mecanismo cujo funcio­namento é mais complicado ainda porque muda a cada momento. Essa mudança se opera a cada ins­tante na dependência de nossas decisões. Se a de­cisão é certa, se está de acordo com o programa tra­çado pelo nosso Espírito, o resultado é bom, nos sen­timos em harmonia com o Universo. Se a decisão é errada, com isso contrariamos nosso destino transcendente, sentimos angústias e dor. O Homem é feliz ou infeliz dependendo de como vive e de como estabelece seu sistema de decisões. Naturalmente, a pergunta que essa questão suscita de imediato é: como saber o que está certo e o que está errado? – mas esse é exatamente o enigma da vida, o desafio evolutivo, o preço da autonomia, do Livre Arbítrio. Foi talvez essa questão que levou os sábios da mais remota antigüidade a inscrever nos pés da Esfinge:

“Decifra-me ou te devoro”

E que levou São Francisco de Assis a dizer: “Senhor, dai-me forças para tolerar as coisas que não podem ser mu­dadas; dai-me amor para mudar as coisas que devem ser mudadas e dai-me sabedoria para distinguir umas das outras”. Mas, para sermos bem objetivos, para que pos­samos realmente saber a decisão certa, a Natureza nos deu um mecanismo de percepção que nos per­mite saber qualquer que seja nossa posição no contexto humano – as coisas da Lei no Plano Físico, as coisas da Lei no Plano Psíquico e as coisas da Lei no Plano Espiritual. Normalmente, nós estamos habituados a ouvir a voz de nosso corpo e a voz de nossa Alma, uma vez que seus reclamos são facilmente discerníveis: eu sei quando tenho fome e sei do que gosto ou não gosto. Essas exigências produzem uma pequena dor. Mas temos também que nos acostumar a ouvir a voz de nosso Espírito, pois a falta disso nos produz a grande dor, a verdadeira dor. Perder um corpo é um fator na­tural – não existe corpo eterno; perder a Alma tam­bém é um fator natural – não existe Alma eterna. Mas perder o Espírito, tirar a oportunidade de uma encarnação arduamente conquistada é desafiar a Lei em seu aspecto mais amplo, é fato mais grave e mais doloroso. Por essa razão é que o Grande Mestre Jesus nos deu, de forma clara e adequada, o Sistema Crístico na sua Escola do Caminho, para que pudéssemos ouvir facilmente a voz de nosso Espírito. A propósito é preciso que se diga que o único erro que os exegetas do Cristianismo cometem é de querer interpretar o Evangelho como guia para a Alma e para o corpo; não, Jesus não fala para eles, Jesus fala para o Espírito encarnado. O Evangelho tem um aspecto literal, fatual e psicológico porque ele é transmitido pelos sentidos, mas o próprio Mestre ex­plicou aos discípulos quando lhe perguntaram: “Mes­tre, por que é que lhes falas em parábolas?” Respondeu-lhes Jesus: “A vós é dado o compre­ender os do reino do céu; aos outros porém, não é dado. Porque ao que tem dar-se-lhe-á, e terá em abun­dância; mas ao que não tem tirar-se-lhe-á ainda aquilo que possui. Por isso é que lhes falo em forma de parábolas: porque de olhos abertos, não vêem e, de ouvidos abertos, não ouvem, nem compreendem. Assim se há de cumprir neles a profecia de Isaias: Ouvireis e não entendereis; vereis, e não compreen­dereis; porque endurecido está o coração deste povo, tornaram-se moucos os seus ouvidos, e cerraram os olhos: não querem ver com os olhos, nem ouvir com os ouvidos, nem compreender com o, coração, nem converter-se de modo que eu os cure. Ditosos os vossos olhos, porque vêem! E os vossos ouvidos, porque ouvem! Pois em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejariam ver o que vós vedes e não viram; ouvir o que vós ouvis e não ouviram”. (Mateus 13-10/17).

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