quarta-feira, 26 de novembro de 2014

FAMÍLIA CÁRMICA E FAMÍLIA ESPIRITUAL

Família Cármica e Família Espiritual

A maior soma de problemas da atual humanida­de reside nas relações familiares. Muitos são os fatores que determinaram essa situação. Alguns deles residem em conceitos superados, inexeqüíveis à vida atual, ou­tros resultam de motivos econômicos e alguns deri­vam de problemas religiosos. Culpam-se os educa­dores, os pais, os governos, os meios de divulgação, os traficantes de drogas e até mesmo a farmacologia.

Fazem-se análises, formulam-se métodos, mu­dam-se os sistemas e o problema mostra claros sinto­mas de se agravar.

Entretanto a família repousa no mais sólido processo da Natureza, que nenhum artifício conse­guiu ainda superar. Esse fato garante a continuação da sua existência, e nenhum ser Humano foge a essa contingência. Sob o prisma Transcendental, a Família representa o núcleo básico da escolaridade do Planeta e nenhum Espírito pode fugir das suas lições. As dores que isso representa, a começar pelo parto e terminan­do nas ingratidões, nas traições e até mesmo no fratricídio, são as maiores fontes dos reajustes e de oportu­nidades evolutivas dos Espíritos no caminho terreno.

Isso entretanto não significa que tais dores sejam insuperáveis ou que o sofrimento resultante não possa diminuir. Apenas é necessário considerar o fato transcendente e verificar os motivos pelos quais os Espíritos se juntam aqui na Terra.

Fatores transcendentes significam o relaciona­mento de encarnações anteriores entre Espíritos que compõem uma Família atual. É difícil precisar a ori­gem desse entrosamento. O próprio Evangelho é omisso e apenas nos separa a Família Cármica da Espi­ritual com uma frase:

“…E Jesus olhando em torno para os que estavam sentados em roda, disse: eis mi­nha mãe e meus irmãos: pois quem fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe. (Marcos 3: 34/35).

Naturalmente o Mestre quis dar aos circunstantes um sentido abrangente, que tornava parte de sua Família todos que fizessem a “vontade de Deus” ou seja, Espí­ritos integrados conscientemente no processo evolu­tivo, e não somente os que a Ele estavam ligados pela consangüinidade. Mas, ao mesmo tempo, se deduz dessa atitude de Jesus, que os fatores consangüíneos eram apenas circunstanciais, pois todos “que fizessem a vontade de Deus” eram seus parentes também.

Acrescentemos ao episódio o fato natural, de que os membros de uma Família tendem naturalmen­te a deixá-la, formar outras famílias e miscigenar o seu sangue, numa cadeia quase infinita que acaba por terminar a Humanidade sendo uma série de grandes Famí­lias e por último uma só.

Disso se conclui que existem dois aspectos fun­damentais de agrupamento dos Espíritos em trânsito na Terra: um de origem biológica, consangüínea e outro de origem Espiritual de sintonia, de afinidade.

Assim, nós podemos, com certa segurança, de­terminar os aspectos Cármicos nas relações entre membros da mesma Família, pela ausência de sintonia Espiritual. A sintonia resulta no Amor, no Afeto Incon­dicional e sua ausência produz o ódio ou a indiferen­ça. Quando a ausência de sintonia predomina em todo o conjunto familiar, a gente pode defini-la como uma Família Cármica. Nesse caso esses Espíritos se juntaram apenas no propósito de se evoluírem, uns ás custas dos outros, cobrando ou pagando dívidas de encarnações anteriores. Como essas dívidas pregressas são limitadas, episódios avulsos e às vezes apenas fortuitos, terminado o reajuste acaba também a razão daquela união.

Ao contrário, quando os Espíritos se reúnem por afinidade, sintonizando na mesma onda vibratória, a união é duradoura e continua após o desencarne. Nesse caso o núcleo familiar serve como a base para a ação dos Espíritos que o compõem.

Como cada Espí­rito tem seus compromissos individuais, ele pode perfeitamente ter Carmas com Espíritos de outras famí­lias e se reajustar, sem necessariamente constituir com eles famílias consangüíneas.

Como conclusão prática de todas essas observa­ções e, vendo a vida como ela é no quotidiano, a gen­te verifica que, quando as dissenções e as lutas exis­tem no seio de uma Família, ela é uma Família Cármica; quando ao contrário não existe luta interna, os membros se amam, mesmo que cada um deles tenha sua luta Cármica externa, ela é uma Família Espi­ritual.

Pode acontecer, e acontece com freqüência, que na mesma Família existam Espíritos afins e outros que se juntaram apenas pelo Carma. Esse é o caso mais comum em nossa Humanidade atual e explica as cons­tantes dissoluções e reagrupamentos de parcelas da mesma Família.

Uma coisa porém é sempre certa e verificável: os laços de sangue não garantem a afinidade nem a sintonia.

Outra conclusão que se tira, é que o problema familiar deve ser olhado de maneira mais abrangente, evitando-se sempre o julgamento das ações individuais, tomando-se por base a Família Carnal e dando-se a ela uma suposta sanção divina. É lógico que tudo que acontece na face da Terra tem um sentido de escolaridade que leva sempre à evolução dos Espíritos. Mas o mesmo fazem as doenças, as dores, os desatinos humanos e os erros cometidos durante a trajetória terrena dos espíritos.

Mas, assim como nin­guém jamais pensaria que uma pessoa deva ser sempre doente ou persistir no erro, é absurdo pensar que alguém deva permanecer num contexto familiar, se ele de plena consciência terminou seu reajuste. O problema é de foro íntimo e não de julgamento por um padrão social de referência. Padrões são feitos pelos Seres Humanos, variando no tempo e na geogra­fia e não por Deus.

Em uma de suas Aulas, Tia Neiva nos contou a história de uma Família, publicada em um folheto sob o título de “O homem de dois mundos” que ilus­tra bem esse fato.

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