sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

HISTÓRIA DO PRESIDIÁRIO (AULA TRANSCRITA)

História do Presidiário – CD 03

                   (Pergunta de um Mestre que assistia a Aula):

                   Salve Deus, Tia, a Senhora nos falou que chegou o momento de nós termos o nosso caderninho, um caderninho pra fazer anotações daquelas pessoas que tiverem necessidades lá fora.

                   (Tia Neiva):

                   Justamente, então, se você está mal assistido, então você corre perigo ou as pessoas que mentalizem você, tá entendendo?

                   (Pergunta de um Mestre que assistia a Aula):

                   E qual seria essa nossa defesa antes de nós podermos ajudarmos essa pessoa.

                   (Tia Neiva):

                   A Elevação!
                   Agora, outra coisa, eu gosto de contar assim casos pra vocês, que aconteceram comigo, pra vocês se basearem.

                   Por exemplo, aí nesse Presídio de Brasília, foi preso um Homem de São Paulo, negócio de cheque, não sei. Então, virou uma... Então eu fui chamada... Oh, ele veio aqui, e eu tinha muito carinho por ele. Ele foi preso por negócio de cheque, e prenderam ele, aquela coisa, e aquela desmoralização, então eu tinha um carinho especial por ele.

                   Mas naquela mudança lá, entrou um Policial e eles tinham rixa do passado, e virou uma coisa esquisita, o Policial não podia nem ver esse homem, quando ele tava no pátio, ele me contando, né, ele via, esse homem, esse Presidiário, ele ia até lá e...

                   Eu fui e disse pra ele:

                   “ – Olha meu filho, quando você ver ele de longe, você lembre das costas do Doutrinador, ele com esse Colete, você mentaliza as costas dele. Quando for nos horários dos Mantras, você faz o mesmo, você mentaliza esse homem...”

                   Então ele começou a fazer assim. O primeiro dia ele não respeitou. E foi, e foi e foi... Modificou o homem. Por último ele foi numa viagem e quando ele chegou ele disse, ele foi chegando, chegou de viagem assim, ele disse: Olha Tia, eu percebo, hoje é meu dia...

                   Ele queria medir forças, lutava com ele. Aí ele disse que só via esses Coletes Brancos e essa Cruz Preta, não via mais nada. O sujeiro foi lá e disse:

                   “ – Olha, eu vim aqui falar com você que eu lhe maltratei muito, você vai me perdoar um dia...”

                   Aí esticou a mão pra falar com ele, e ele disse:

                   “ – Olha Tia, eu num tive mão pra levantar pra ele não...”

                   Olha o tanto que você vê que ele tava magoado, né? E esse homem se modificou mesmo, aí o outro me falou outro dia:

                   “ – Tia, agora ele tá até enjoado, tá até enjoado me pedindo perdão todo dia. Eu preferia até que ele esquecesse de mim...”

                   E isso tem muito tempo já, ele foi embora pra São Paulo. Acho que um ano e seis meses que ele teve preso, mas a folguinha dele era aqui, sabe. Era um rapaizão loiro, grandão, muitos de vocês lembram quando ele vinha aí, eu largava tudo e ia atender.

                   Interessante que aquela fila minha ali, chega uma pessoa assim, eu corro e vou atender a pessoa depressa, ponho ali, então muita gente fala:

                   “ – Olha, é só porquê é rico...”

                   Sabe mesmo não, teve um aí que falou:

                   “ – É só porquê são gente rica...”

                   Mas não sabe se às vezes até é um preso, entendeu, é uma pessoa que tá com um problema tão difícil, porque esse problema de pobreza igual a mim, se é que é isso, é tão fácil, né? Tô tão acostumada, é tão mais fácil resolver...

                   (Pergunta de um Mestre que assistia a Aula):

                   Tia, um detalhe importante que existe, que se um Presidiário for pedir licença no caso pra vir visitar Tia Neiva eles liberam na hora, não é?

                   (Tia Neiva):

                   É, liberam na hora. Não digo assim, na hora, mas eles liberam mesmo. Eles já telefonaram pra mim no Natal, se eu aceitava ficar aqui com não sei quantos Presidiários, e eu disse que pode vir, eu só não me responsabilizo assim, de levá-los daqui, mas nunca houve uma fuga.

                   (Pergunta de um Mestre que assistia a Aula):

                   E a Senhora acha que existe uma Força atuante na condução deles até aqui?

                   (Tia Neiva):

                   É, o Pai Seta Branca! É uma Força, uma Força mesmo! Sim Meus Filhos, é isso aí que me faz ficar feliz.

                   (Pergunta de um Mestre que assistia a Aula):

                   Eu queria saber se o Mestre Lua, o Apará, se ele é capaz de fazer a Elevação a nível mental ou se ela tem que ser realmente falada, ou se em certas circunstâncias ela pode ser feita a nível mental.

                   (Tia Neiva):

                   Não meu Filho, isso aí, você ainda vai receber tanta instrução pra chegar a essa Elevação, entende meu Filho? Vai ter que trabalhar sua mente pra saber. E eu acredito mesmo que não são todos os Mestres Lua que possam ter certas particularidades de nossas Iniciáticas, vocês não acham meus Filhos? Vocês não estão de acordo comigo?

                   (Pergunta de um Mestre Ajanã que assistia a Aula):

                   Salve Deus, Tia! Será que eu podia dar uma palavrinha com a Senhora? Queria que a senhora me explicasse uma coisa, aconteceu uma passagem comigo lá no Templo hoje numa Mesa, eu dormi na Mesa que tava fazendo lá, e eu fui pro Mar brigar com um Tubarão e eu fiquei preocupado, eu pensei como é que pode acontecer uma coisa daquela, a Senhora sabe que eu fiquei, tá aí o Doutrinador que tava lá junto comigo, uma passagem lá na Mesa e eu fiquei com medo disso, como pode ser isso?

                   (Tia Neiva):

                   Salve Deus!

                   Pode ser meu Filho, pode ser que você tenha uma dívida com o Espírito que tá ali, porque os Espíritos que nós devemos, eles vêm nos esperar no Templo! Entenderam?

                   Eu sempre me lembro de uma conversa de um Doutor, de um Filósofo, Doutor Luiz Fernando, ele disse assim:

                   “ – Olha Neném, você tá com esse negócio de não beber, que o Seta Branca não quer que vocês tomem álcool. Vocês tão partindo pra uma Iniciação, que é uma coisa muito séria, mas o perigo é essa intransigência de vocês.”

                   Aí Mãe Neném falou que a intransigência não era nossa e nem de Pai Seta Branca, a intransigência eram fatores mesmo pelo fenômeno Iniciático, não é? Ele ainda olhou assim pra mim e falou assim:

                   “ – Neiva, é você que vai trazer o Sol Simétrico?”

                   Olhou assim pra mim e falou:

                   “ – É você que vai trazer o Sol Simétrico?”

                   E eu não sabia o que era isso, né? Não sabia o que era Sol Simétrico, fiquei calada ali no meu canto, né? Depois ele disse:

                   “ – Olha, eu parto numa filosofia: Eu prefiro, eu prefiro ver um Médium bebendo cachaça dentro dum Terreiro do que num Butiquim”

                   Estão entendendo? Essas coisas ficaram guardadas dentro da minha cabeça. Quer dizer que é melhor o Sofredor vir esperar a gente no Templo do que lá fora, né?

                   E nós temos essas regalias meus Filhos, e como temos, né? Todo mundo quer fazer a caridade e não tem condições, e nós temos um Palácio, né? Sofreu feito um cãozinho danado, mas fizemos.

                   Eu acho que, quando eu fui, comecei a receber as minhas aulas de... Pra me iniciar, na minha Clarividência eu não tinha paz... Acredito também que hoje eu não tenha assim essa paz, porque os fenômenos de uma Clarividência é tão complexo, que eu vivo dia e noite numa complexidade de coisas, de fatos, de aparições, de fenômenos da Terra, do Céu, entenderam?

                   É uma vida difícil. Mas mais difícil quando eu não tinha, quando eu não tinha preparo, quando eu comecei a receber as instruções do meu Mestre. Porquê tudo, meus Filhos, partiu, a minha vida foi diferente.

                   Eu vim mesmo pra ser Mãe de vocês! Sem qualquer complexo de superioridade, qualquer complexo de pensar, por exemplo, status, de ser uma Rainha, de ser uma Líder. Quando a pessoa fala que eu sou Líder, eu sei que sou, entenderam? Mas olho pra mim... Prefiro ser só Mãe, carinhosa e que trás os Filhos pra ela.

                   Mas o seguinte, você vê como começou a minha vida, então, e trabalhava com caminhão, e de repente descortinou assim em mim, né? Eu tava deitada quando chegou um Velhinho, falou comigo, e daí, vocês fizeram a Centúria, vocês devem saber tudo que se passou comigo daí em diante, entendeu?

                   Mas, eu fiquei a ponto de me suicidar. Fui procurar o Padre Roque. O Padre Roque falou pra mim:

                   “ – Olha, você tá endemoniada menina! Você tá endemoniada menina! Olha, você não quer puxar uns tijolinhos aqui pra Igreja?”...

                   Eu falei:

                   “ – É, eu acho bom... Eu acho bom... Perfeitamente...”

                   E fui. Mas cada dia era pior. Mas cada dia era pior. Os Espíritos subiam no caminhão, de todo jeito. Então eu fui procurar um Psiquiatra, o Doutor Saião disse:

                   “ – Procura um Psiquiatra, chegou, disse que chegou um Psiquiatra aí na Vila do IAPI...”

                   Aí eu fui lá e procurei o Psiquiatra. Falei:

                   “ – Olha, Doutor, eu tô me sentindo mal...

                   Agora vocês vejam, vocês têm qualquer coisinha, e:

                   “ – Ah, minha Mãe, minha Tia, eu tô ruim...”

                   “ – Não, meu Filho, isso não é nada...”

                   Cheguei lá e:

                   “ – Olha Doutor, eu tô me sentindo mal, tô vendo miragem, toda hora vem umas coisas perto de mim, conversa comigo Doutor!”

                   E ele:

                   “ – É assim mesmo, é assim mesmo...”

                   E eu falei:

                   “ – Não, não é assim não, porque eles conversam demais, conversam coisas, me ensinam...

                   “ – Ah, é assim mesmo...”

                   “ – Eles me ensinam até o Pai Nosso!”.

                   E ele:

                   “ – Ah,sim, sim, é assim mesmo...”

                   Ele deve ter pensado: No subconsciente dela deve tá cheio dessas coisas, Mas, de repente, saiu um Espírito assim atrás de uma cortina, de um biombo, e disse:

                   “ – Boa noite Fia!”

                   Falei: Ah, essa não, aqui no Psiquiatra, esse homem vir aqui, é muito desaforo!

                   Aí falei:

                   “ – Essa não Doutor...”

                   E ele falou:

                   “ – O que foi, o que foi?”

                   Eu pensei: Não, não vou falar, né? E aí o Espírito começou:

                   “ – Fala Fia! Eu sou eu, sou o Pai dele, sou o Juca, tem sessenta e poucos dias que eu morri...”

                   Aí eu falei:

                   “ – Doutor... Doutor...”

                   “ – Sim, sim, é assim mesmo...”

                   “ – Doutor, olha, tem um defunto aqui...”

                   E ele:

                   “ – Sim, sim, é assim mesmo...”

                   E vai, e vai, e eu falei:

                   “ – Olha Doutor, quer saber de uma coisa, ele falou que é seu pai, que chama Juca e morreu tem sessenta e dois dias hoje!...”

                   Aí ele não podia se negar, né? Ele sabia que eu não conhecia e nem queria conhecer, entenderam? Ele deu aquele pulo da mesa assim, todo engravatado e falou:

                   “ – Meu pai, meu pai!”

                   Eu falei:

                   “ – O quê? A minha doença passou pra você?

                   “ – Meu paizinho, fala mais, fala mais!”

                   Aí já viu, né? Atuada como eu tava, já fui batendo em cima da mesa, a porta tava fechada, né? E eu dei um bicudo com a bota que derrubou a porta, como eu derrubei essa porta eu não sei. Uma porta dessas portas de hospital, um hospitalzinho que tinha lá dentro do IAPI.

                   E passei por cima da porta com tudo. Até lá em casa me falaram: Essa porta devia tá quebrada, porquê não é possível. E ele atrás de mim:

                   “ – Fala mais, fala mais!”

                   Então eu vim embora. Falei:

                   “ – Agora eu vou me suicidar, porque não adianta, tem que arrancar a cabeça fora, né?”

                   Aí peguei um revólver lá, que tava lá em cima, né, um revólver que andava no caminhão, quando eu peguei aí um homem bateu na porta:

                   “ – Oh Neiva!”

                   E eu falei:

                   “ – Ah, vou matar ele primeiro, depois eu me mato!...”

                   É assim, né? Pela primeira vez chegou o meu Guia Espiritual que é o PAJÉ, e falou:

                   “ – Olha, não faça isso, não faça isso, atira em mim mas não atira em você...

                   E começou a falar uma porção de coisas, sabem, e eu falei:

                   “ – Eu vou me matar é por sua causa mesmo!

                   Até um tempo desses ele tava brincando com Pai Joaquim das Almas:

                   “ – Eu vou me matar é por causa de vocês mesmo, viu! Vocês não prestam, não têm consideração comigo!

                   Aí eles já abriram a porta lá, e o Betinho chorava, e:

                   “ – Mamãezinha tá doida...”

                   E me agarrava, e eu:

                   “ – Meu filho, eu tô ficando doida mesmo, mas tem gente aqui me pondo doida, num sou eu só!”

                   Ninguém acreditava. Bom, fui trabalhar, quando eu cheguei, um caminhão de pedra, dois caminhões de pedra, chegou uma Preta Velha e falou:

                   “ – Essa pedra não presta. Essa pedra não presta, é areia pura!”

                   Eu falei:

                   “ – Não!”

                   E ela:

                   “ – É!”

                   E eu falei:

                   “ – Mas sai com a sua boquinha de azar pra lá, porque eu tenho que vender minha pedra, meus filhos vão passar fome desse jeito... Não durmo de noite!...”

                   Era a Vozinha do Espaço, a Mãe de Pai Seta Branca. E eu falei:

                   “ – Você vá se embora e tire sua boquinha de azar pra lá, e deixe eu vender minha pedra, viu!”

                   E ela falou:

                   “ – Não, minha Filha, olha, lá em Taguatinga, no número tal, tal e tal, do lote vinte e cinco, tão esperando você porque tem uma mulher aleijada a quarenta dias com a Doença de São Guido e você vai cuidar...”

                   E eu falei:

                   “ – Oh! Quer saber de uma coisa, pra onde é que você vai? Você saia daqui, neguinha ordinária!”.

                   Aí o meu chofer chegou e falou:

                   “ – Que foi Sinhá”.

                   E eu falei:

                   “ – O que foi? É que eu não posso matar uma neguinha que teve aqui, mas ela falou que as pedras não prestam não!”.

                   E ela saiu dando risada! E disse:

                   “ – Um dia você bota juízo...”.

                   E foi-se embora. Então, assim que começou minha vida. E depois o homem chegou e falou:

                   “ – Essas pedras não prestam não!”

                   E eu falei:

                   “ – Bem que eu sabia!”

                   E ele falou:

                   “ – E pra quê que você trouxe Baiana, essas pedras pra cá? Você vai ter prejuízo. Você não viu? Você não conhece pedra? Você anda meio doida!”

                   E o caminhão, era um “Internacional F-180”, eu descarreguei todinha as pedras no braço, quando eu acabei, tava todo ensangüentados os meus braços. E ai quando eu virei o caminhão e falei:

                   “ – Vou-me embora pra Taguatinga...”.

                   Quando eu cheguei em Taguatinga, tava um povo lá me esperando, e eu falei:

                   “ – Uai, quem mandou vocês me esperarem aqui?”.

                   Eu fiquei grosseira, sabem? E eles falaram:

                   “ – Foi um homem de branco, esteve aqui e falou...”.

                   Nisso, as Penas do Pai Seta Branca... Pela segunda vez, falando em Castelhano, disse pra mim assim:

                   “ – Sente numa cadeira e bote um pano alvo no seu colo”.

                   E eu fui, assim, toda ensangüentada de pedra. Quando eu “voltei”, a mulher tava me abraçando, que tinha ficado boa, foi a primeira Cura que eu fiz, a doença de São Guido. A mulher me abraçava:

                   “ – Tô boa, eu tô curada!”.

                   Estão entendendo? Foi a primeira Cura. E Ele foi embora, eu fiquei com uma saudade de ouvir aquilo outra vez... Mas quando a mulher veio:

                   “ – Ah, Deus lhe pague! Você me curou!”.

                   Eu falei:

                   “ – Sai daqui! Não me apareça mais! Não me agradeça,, eu não gosto desse negócio de Espiritismo!”.

                   E todo mundo juntou e:

                   “ – Neiva, você vai acabar morrendo!”.

                   E eu falei:

                   “ – E é o que eu quero mesmo! Aí nós tamos no braço a braço e eu quero me pegar com esse povo lá em cima!”.

                   Nunca tive um dia, meus Filhos, que eu tivesse assim uma ilusão do que eu queria. Aí passou, fui pra casa. Mas eu tinha um pouquinho de saudade daquela voz que eu ouvia, do Pai Seta Branca. Mas Ele também não me deu mais confiança...

                   Um dia eu saio, quando eu vou saindo, aí que eles acertou, quando eu vou saindo ali na avenida, morava na Vila, no Bandeirantes, quando eu fui na Avenida Central, tem uma via por ali, não é? E eu freei o carro, e aí fazia assim para o Guarda com os olhos arregalados, e ele:

                   “ – O quê foi, você ficou louca? Quê que é isso Baiana?”.

                   E eu apontava, ele olhava embaixo do carro e eu apontava pra ele, e ele:

                   “ – Não tem nada aqui não, o quê que foi, você tá doida Baiana? Vai caçar um Terreiro!”

                   E eu pensei:

                   “ – Tá, eu vou caçar um Terreiro mesmo”.

                   Cheguei alí em frente ao “Mirocã”, tinha um Japonês, olhem vocês vê, quando a gente tem que chegar a cabeça no lugar, depois de todo esse sofrimento, um ano de sofrimento, foi um ano meu Filho! E eu cheguei nesse bar.

                   As minhas pernas estavam assim, tremendo, de pensar que eu tinha matado um homem, sabe? Aquele susto que eu passei. E então eu fiquei no bar e botei meu carro pra lavar, pensei:

                   “ – Nem vou trabalhar hoje mais...”.

                   Botei meu carro no lavador, era um posto, tinha um restaurante, era um barzinho ali, e então eu fiquei na porta, pensando:

                   “ – Meu Deus! Agora acabou mesmo”.

                   Eu era rica, eu sempre tinha três, quatro caminhões, eu era rica mesmo, dinheiro, tudo eu tinha, não tinha dificuldade na vida, não tinha nada. E agora eu estava me acabando, não é?

                   Encostei assim, e já estava com a prestação do carro começando a “enguiçar”, já tinha vendido um carro, isso num ano. E estava encostada assim, pensando em minha vida:

                   “ – É, eu não matei esse homem. Mas agora, o que passar eu vou matar!”.

                   Olha meus pensamentos!

                   “ – Eu vou passar por cima e vou achar é bom!”.

                   E uns pensamentos bobo na minha cabeça, sabe? De louca mesmo, não é daquela mulher equilibrada que é Tia.

                   E tinha um homem assim, esperando o ônibus, aqueles ônibus do Bandeirantes, uma lotação, não sei se lembram, isso em 1957, 1958.

                   Quando eu olho assim, o homem tava assim, parado, e uma mulherzinha desse tamanhozinho, de vestidinho de bolinha, godêzinho, uma sombrinha, e tava assim, na cabeça dele. E eu pensei:

                   “ – Uai, e essa mulherzinha?”.

                   De repente, ele ficou pequenininho também, como se fosse um filme, o mesmo homem, e os dois se abraçaram e se beijaram, e ela ficou assim, com a cabecinha... E eu pensei:

                   “ – Uai, agora, esses aí já não são do céu, já não são mortinhos! São vivos mesmo!”.

                   Aí complicou, né? E nisso, eu olhei pra rua e não tinha nada. De repente, saiu assim duma esquina, a mulher, de sombrinha, de bolinha... E então, quando a mulher saiu, eu pensei comigo:

                   “ – Então eu ví a mulher...”

                   Ela veio caminhando, abriu os bracinhos, fechou a sombrinha, do jeitinho que eu ví, fechou a sombrinha, os dois se abraçaram e ela ainda botou a cabecinha assim no ombro dele, como eu ví. Mas, então eu pensei comigo:

                   “ – Eu ví o futuro do homem!”.

                   De repente, não prestou, eu ví o ônibus tombado e seis pessoas mortas, inclusive a mulher do vestido de bolinha e aquele homem...

                   Aí o ônibus chegou, e eu me afobei. Ah, mas não prestou...

                   “ – Não vá, não vá moça. Moço, vem cá moço, não pegue esse ônibus! Não pegue esse ônibus! Não pegue esse ônibus!”.

                   E a mulher falou assim:

                   “ – Sai daqui, sua Sirigaita! O quê que você quer comigo?”

                   E virou pra ele e:

                   “ – Eu sabia! Eu sabia que você tava namorando essa motorista!”.

                   E aí, não prestou de jeito nenhum, e eu alí no meio, e:

                   “ – Não vá! Não vá, não vá,, pelo amor de Deus!”.

                   E o homem veio assim me acompanhando, assim pela força do destino, não é? E me acompanhando, e a mulherzinha fechou a sombrinha e veio pra cima de mim, e não prestou, e eu empurrava ela pra lá, e o homem:

                   “ – Mas que diacho!”.

                   E eu falei:

                   “ – O senhor vai morrer!”.

                   Mas eles não viam nada, e a mulher me xingava, me descompunha que não tinha mais pra onde... Mas não importava, eu nem, minha cabeça estava só pensando, eu ví eles morrendo, eí eles mortos. Aí o ônibus foi embora. E aí eu pensava assim comigo:

                   “ – Tomara que ele tomba, não é?”.

                   Porque se o ônibus não tombasse eu tava frita, não é?

                   “ – Tomara que ele tomba!”.

                   Nem estava somando com nada, né? Aí o Japonês chegou, isso dentro de poucos minutos, e aí o Japonês chegou e falou:

                   “ – Quê foi Baiana?”.

                   E a mulher:

                   “ – Vem cá! Eu vou pegar ela!”

                   E virou aquela confusão, não é? E a turma segurando ela pra ela não me pegar. Mas eu fiquei até calma, com aquela segurança, se eu ví uma coisa, a outra também vai acontecer, não é? E o Japonês falou:

                   “ – O que foi? Você tem alguma coisa com esse motorista?”.

                   Porque ele nunca me viu... Eu era firme alí, bacana, nunca me viu ali com nenhuma criancice. E eu falei:

                   “ – Japonês, vai morrer! Eu ví morrer seis pessoas, o ônibus vai tombar Japonês! Vai tombar!”.

                   Ele falou:

                   “ – Ah, visão? Visão?”

                   E eu:

                   “ – É, uma visão!”

                   Aí ele me segurou lá na mesa, e a esposa dele veio e falou:

                   “ – Toma uma cervejinha!”.

                   Quando ela vai botar a cerveja, eu não respondia, só falava:

                   “ – O ônibus vai tombar e vai matar aquela infeliz! E é bom que matasse mesmo, não é?...”.

                   E o Japonês se desculpava por mim para o homem:

                   “ – Não, peraí, ela tá cansada, ela tá estafada, já me falaram dessas alucinações dela...”.

                   Isso foi poucos minutos, em poucos minutos aconteceu tudo isso que eu estou contando, e aí foi aquele estampido, mas foi um estampido tão feio... O ônibus caiu naquela curva, entenderam? Só demorou o tempo dele pegar mais outros passageiros, de um ponto mais ou menos por alí, naquela “curva da morte” da Cidade Livre, caiu lá embaixo, e nós ficamos todos assim... E eu pensei assim comigo:

                   “ – Que bom, devia ter deixado você ir! Eu ví seis pessoas mortas nesse ônibus!”.

                   Aí não foi eu que falei, já foi o Japonês.

                   “ – Ela viu seis pessoas mortas!”

                   Na mesma hora, chegou alguém e:

                   “ – Quatro pessoas morreram no ônibus!”.

                   Então todo mundo, seis pessoas, morreram quatro pessoas, a mulher:

                   “ – Quer dizer que eu ia morrer, não é?”

                   Nem sei o que eu falei. E eles vinham atrás de mim, eu saí assim caminhando, fui pra casa.

                   Mas sabe, quando a gente tá assim, você buscar uma resposta, e você recebe a resposta... O mundo inteiro me respondeu!

                   Mas foi cruel viu, meu Filho, o tanto que essa mulher me descompôs, e por último, o homem já tava resolvido também a acabar comigo, não é?

                   (Pergunta de um Mestre que assistia a Aula):

                   “ – Tia, quer dizer que aquele casal não tinha que morrer, não é? E a Senhora serviu de intermediária pra que não acontecesse o fato?”.

                   E, na realidade, Deus me mostrou, Deus evitou a vida deles por meu intermédio, porque dali em diante, quantas vidas eu já evitei, já pensou?

                   Pode ser até que eles nem morressem, mas o fator do ônibus tombar e morrer quatro, e eu afirmando que era seis... Então, aquilo ali, foi como se o mundo inteiro tivesse me dado uma resposta só! A mulher:

                   “ – Ah, pelo Amor de Deus! Você me salvou!...”.

                   E eu:

                   “ – Sai pra lá! Vai se embora! Não salvei não foi por você não, vai pro inferno!”.

                   Não foi por Amor. E eu saí caminhando. E aí eu já ouvia a Mãe Yara, com aquela voz suave dela:

                   “ – Filha, agora você tem a prova. Você vê o Futuro, o Presente e o Passado, isso tudo em um quadro só...”.

                   Aí, eu passei dias, que eu não sabia se eu comia, eu não sabia se eu ia trabalhar, eu fiquei assim, como se estivesse indo no Céu e na Terra, no Espaço. Então, desse dia eu aprendi tudo.

                   Mas, por isso que eu falo pra vocês, mesmo como grandes Médiuns, precisam de instrução, sabem porquê meus Filhos? Eu que via o Passado, o Presente e o Futuro, aconteceu um outro fenômeno pior, uma outra coisa chata:

                   “ – Ah, como vai Neiva, tá boa?”.

                   “ – Ah, tô boa.”

                   “ – Puxa, mas você tá com um Espírito feio! Nossa, que horror!”

                   A pessoa ficava assim... E eu não guardava, não fechava a boca, ah, isso foi pior! Sabe o quê que o Pai João fazia? Ele vinha e falava comigo:

                   “ – Filha, não pode tá falando!”.

                   E eu pensava:

                   “ – Ah, mas esse Preto Velho, ele quer que eu me cale e deixe as pessoas morrendo! Falta de Amor, não é?”

                   Aí, Pai Seta Branca me pegou, Pai João andou me dando umas terçadas, sabem, pegou um terço uma vez, mas eu fiquei mansa de coração!... Fechei a boca, comecei a respeitar os Espíritos... Eu tive que apanhar de Terço, um Terção de Pai João assim!

                   Aquele Terço que está ali, não é nada mais e nada menos do que uma lembrança de minha disciplina! Quando eu começava:

                   “ – Puxa, mas você tá com um Espírito...”.

                   Pai João chegava lá assim, de cara fechada atrás da pessoa, e eu:

                   “ – Não, tudo bem!...”

                   Mudava completamente o assunto. Entenderam? Mas foi preciso que me desse umas cintadas.

                   Pois bem, meus filhos, aí foi quando eu me ingressei, Pai Seta Branca fez um trato, no Tibet, com Humarrã, que era um Clarividente, era um Mestre que vivia lá. Tudo já ligado pela Força Divina, não é?

                   E eu fui, e lá eu recebia as instruções. Ficava morta, morta assim, febre altíssima, e me transportava, o povo aqui pensava que eu tinha até morrido. Mas já fiz transporte físico, fiz coisas, eu já fiz muita coisa bonita e triste, entenderam?

                   Aí que eu estive com esse Mestre Humarrã, e ele... E peço a Deus, ele era vivo, eu chegava em frente dele, e ele me ensinou todas as Iniciáticas, ele me ensinou tudo meus Filhos, tudo o que vocês possam pensar, o que é de Espírito... Entendeu?

                   Porque depois eu comecei a correr um outro perigo, que é a Alta Magia de Nosso Senhor Jesus Cristo! Eu fui na Magia e me deslumbrei na Magia, estão entendendo? É deslumbrante você chegar assim e ver uma Contagem...

                   Formar uma Contagem numa Pedra, e você ver as pessoas falando como se fosse um cinema, fazer uma chamada de uma pessoa aqui pelo nome, pela idade, e eu ver lá na França, eu ver o que ele tava fazendo por aqui. Estão entendendo?

                   Então eu comecei a me deslumbrar, e esse Mestre foi cortando minhas unhas, foi me explicando, entenderam?

                   Depois, eu comecei a viver tanto a Vida Espiritual, que eu já não me deslumbrava, e comecei a ter decepções com as coisas que eu via em certas Cavernas. Depois me preparei.

                   E então, tive que correr em Sete Cavernas, e aceita por todos os Exus, pra que nenhum atrapalhasse a grande obra que eu fosse fazer.

                   Então, eu falava na aparição do Doutrinador! Porque eu que dei à Luz ao Doutrinador. Pois bem, eu fui de porta em porta! Uns me agrediam, outros debochavam, mas passei por tudo isso em Nome de Jesus!

                   E onde eu andava, eu pedia a Jesus que arrancasse meus olhos, que arrancasse meus olhos ali naqueles lugares, se fosse pra mim fazer uma coisa errada. Não foi só pela Vidência que eu entreguei meus Olhos a Jesus, mas também pelo Amor que eu já sentia, o Amor Incondicional que já vibrava no meu Coração!

                   E aí meus Filhos, as provas chegaram! Fiquei pobre, entenderam? Que não tinha o quê comer, tá bom! Quando eu tava na pior mesmo, chegou uma mulher, uma mulher morreu, tomou formicida tatú e morreu, e eu fui criar os filhos dela, entenderam?

                   Depois veio a prova, quando os meninos tavam bem, veio uma irmã dela e carregou os meninos todos. Foi outro sofrimento... Eu tinha aquele Amor...

                   Então até isso, eu tive que botar meu coração assim dependurado, e trabalhar Espiritual, entenderam? E me entregar a quem precisava. Meu coração ficava dependurado, entenderam? Sabe como é que é? Eu não posso amar as coisas, eu tenho que ter o Amor Incondicional.

                   Então, se hoje eu te amo tanto, é meu Filho! Você pega a sua malinha e: Adeus Mãe, eu vou embora... E eu tenho que renunciar a você! Hoje eu já sei, você foi embora aqui, mas nós vamos nos encontrar! Tá certo? Hoje eu já sei que não há uma partida mais, não há um adeus!

                   Salve Deus!

                   Essa que é a minha vida! E além de trazer a Luz do Doutrinador, que eu dei à Luz ao Doutrinador, considero o meu Filho! Entenderam? Do meu seio o Doutrinador!

                   E então eu tinha um complexo, porque o Incorporador, o Medianeiro, né? O Sensitivo, não é meu Filho, ele veio de Salomão, né? Ele já veio de outras, de mil vidas. Então, o Pai fez o Mestre Apará.

                   Então, o Mestre Apará é outro Filho que nasceu de mim, como o Doutrinador. Não existe o Apará, não existe o Mestre Lua, não existe a Ninfa do Vale, ela nasceu de mim!

                   O Mestre Lua nasceu de mim. O Apará está nascendo de mim, porque não existia, tá certo? O Ajanã é o Mesmo, mas Ajanã é um nome científico. Entenderam?

                   Ele é o meu Filho, ficou tão igual esses dois Espíritos que trabalham essas duas forças que trabalham distintamente, entenderam? e é maravilhoso, não é?

                   Agora, eu sempre falo meus Filhos:

                   Nós precisamos de Contagem! Nós não precisamos do Povo, nós precisamos de Contagem!

                   Essa Emissão que nós emitimos, é uma Contagem Viva aos Olhos de Jesus! Jesus Vive nas Legiões, como de Paulo de Tarso, de São Jorge, São Sebastião, São Lázaro, entenderam? Jesus Vive nessas Legiões, porque elas é que estão emitindo esses Espíritos, estão entendendo? Que não estão nem a caminho, estão nessas dimensões, dentro de Pântanos...

                   Salve Deus!

                   Eu espero em Jesus que... Que vocês não passem o que eu passo, que eu passei... Mas que vocês aprendam o que eu aprendi! Estão entendendo?

                   O Mestre Lua, mais uma vez fique gravado com vocês, o Mestre Lua é um Príncipe desse Amanhecer, como é um Príncipe os Doutrinadores! São Príncipes!

                   Breve, breve, muito breve, isso, que é uma manipulação de Forças, estão entendendo? Mesmo estando com os olhos abertos, quer dizer, pensando que não está incorporado, ele está com a manifestação silenciosa dos Cavaleiros, e vai tirar muita coisa do fundo da terra! Que a terra tá assim, olha, entenderam?

                   Eu tenho uma menina aqui, que ela é vidente. É a Gertrudes. Ela teve uma vidência e eu tive outra, a mesma vidência, no mesmo lugar. Nós vimos, nós duas vimos, olhamos e vimos um buraco enorme, um Portal de Desintegração num canto aqui do Vale.

                   Salve Deus!

                   De forma que... Eu não tô falando nessa dimensão não, não é aqui nesse chão nosso não...

                   (Pergunta de um Mestre que assistia a Aula):

                   “ – É aqui atrás do morro Tia? Porquê a senhora falou que aqui atrás do Morro tinha uma Caverna, né?”

                   Não, mas não é coisa ruim não, eu tô falando em coisas boas pro fim dos tempos, que nós vamos nos encontrar, né? Nós temos que encontrar com nossos irmãos, com esses seres que estão perdidos por aí. Eu já me encontro, agora, vocês também tem que encontrar uai! Senão nós ficamos toda vida que nem o Doutor Psiquiatra e eu...

                   Salve Deus!

                   A minha vida Espiritual foi assim meus Filhos. Diz Mãe Tildes que eu fui pegada a laço, e fui pegada a laço mesmo, só faltou o cachorro pra me pegar.

                   Essa aí foi a filosofia, a filosofia da minha vida, não fui “Santinha”. Tem gente que diz assim pra mim, santa ignorância:

                    “ – Ah Tia, o dia que eu chegar lá, como a Senhora...”.

                   Estão entendendo? Foi assim. Enquanto Pai João me dava umas correadas, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, eu pensava assim:

                   “ – Que Neguinho feio!

                   Eu olhava assim:

                   “ – Que Neguinho feio! Que olhão!

                   Aprende a respeitar os Espíritos! E aí já viu, né?

                   E eu sou sensitiva, se eles manda um pau aqui, parece que pega direitinho... Hoje, quando caiu um ferro, um ferro de três metros, ele caiu aqui das minhas costas com tanta força, eu tenho certeza de que Pai João deve ter aparado, entenderam? Porque senão eu tinha arrebentado isso aqui hoje. Mesmo assim ficou doendo muito, mas eu sei que ele aparou. Eu já pensei ele tava ali por perto, olhei pra cara dele e ele:

                   “ – Não, Fia, você não merece mais não!

                   (Pergunta de um Mestre que assistia a Aula):

                   Caiu nas costas físicas? Eu pensei que tava no Etérico!

                   (Tia Neiva):

                   Físicas meu filho! Eu sou sensitiva, porque eu tenho certeza que ele aparou um pouco, se eu não fosse... O pau caiu duma vez, eu tava assim, e o pau caiu de lá e veio aqui em cima, mas foi uma dor tão grande, aqui, olha, tá tudo dolorido aqui assim, olha, mas eu tenho certeza que ele ainda, ele segurou. Eu já pensei:

                   “ – Eu fiz alguma coisa?”

                   Ele falou:

                   “ – Não Fia, você num precisa  mais não”

                   Foi teimosia dos meninos, eu falei:

                   “ – Num mexe nisso aí meus Filhos, isso ai vai cair, num mexe...”

                   E eles:

                   “ – Não, não cai nada, a gente segura...!”

                   “ – Não mexe que isso vai cair!”

                   Salve Deus!

                   Meus Filhos, eu sei que vocês estão com pressa, eu atrasei vocês demais, mas se num fizer assim a gente num chega né?

                   E agora nós temos que ver as nossas coisas. Eu tenho vinte anos, né? Eu já perdi a contagem, de caminho, sempre aqui, isso aqui me conhece há vinte anos, só isso aqui, toda vida sô sempre essa pessoa.

                   Essa preguicinha, porque vocês não pegaram Pai João como eu peguei, senão...

                   Sabe o quê que é, muitas vezes você tem uma dívida com você. Muitas vezes não, você tem uma dívida lá fora, e cuja dívida se você estivesse aqui você não ia pagar essa dívida que você tá se reajustando agora. Então, Deus te deu essa faculdade. Agora, o perigo é a gente morrer antes de chegar, como aconteceram a outros, né? Mas tudo bem.

                   (Trino AJARÃ – Mestre Gilberto Zelaya):

                   “ – Naquele tempo lá, a gente brincava com todo mundo, todo mundo batia em todo mundo, saia correndo e ia embora, era uma festa, uma brincadeira, todo mundo assistia, mas ninguém sabia realmente o que era.”

                   (Tia Neiva):

                   Não levava a sério, né? Você lembra como eu trabalhava, não é? Pra falar comigo naquele tempo era duro, viu? Você contava quinhentas pessoas na minha frente constantemente, do mundo inteiro, tá bom? Hoje é mais fácil.

                   (Trino AJARÃ – Mestre Gilberto Zelaya):

                   “ – Aqui era tão distante, falta de condições e de condução, pra buscar água tinha que ir lá embaixo assim.”

                   (Tia Neiva):

                   Ali não tinha condições, ali foi uma prova mesmo. Mas é assim mesmo, o homem tem que duvidar, né? Agora o homem só não deve duvidar dele mesmo. Que ele duvide em volta dele, mas não duvide dele.

                   Quando eu vi esse quadro, o último que eu falei pra vocês, eu nunca mais duvidei de mim. Mil pessoas:

                   “- Ah, vai ser Kardecista, vai ser não sei o quê...”

                   E eu pensava:

                   - Não vou ser nada, não vou pra lugar nenhum.

                   “- Ah, mas precisa ir pra Federação, se ligar à Federação...”

                   E eu:

                   - Não, nada disso, vou ficar aqui, meus Espritinho é que vai contar pra mim pra onde eu vou. É a minha liberdade.

                   Mãe Yara sentava e contava a História de JESUS, porque a História de JESUS me comove até hoje. Contava casos, passagens de JESUS que vocês não sabem, um dia eu vou contando, passagens lindas de JESUS.

                   Ela me ensinou o Pai Nosso que está nos Céus e em toda parte... Eu sabia só o da Igreja Católica, né? Que é esse que vocês rezam, não é esse? Pai Nosso que está nos Céus e em toda parte...

                   (Trino AJARÃ – Mestre Gilberto Zelaya):

                   “ – Em toda parte não tem na Igreja Católica não.”

                   (Tia Neiva):

                   Não, e Mãe Yara me ensinou foi assim. Pai Nosso que está nos Céus e em toda parte e nos Círculos Espirituais. Isso não muda, né? Como nos Círculos Espirituais. Como nos Círculos Espirituais...

                   Assim na Terra como nos Círculos Espirituais, o pão nosso de cada dia daí-nos hoje Senhor, e perdoe as nossas dívidas se nós perdoarmos aos nossos devedores...

                   Então eu teimava com ela, né:

                   “ – Como? Só se eu pagar? Eu não devo nada a ninguém! Pagar o quê?”

                   (Trino AJARÃ – Mestre Gilberto Zelaya):

                   “ – A História de JESUS Mãe, porquê a História, quem conhece a História Dele, Ele de pequenininho até um determinado tamanho, seis ou sete anos, depois só vê ele com trinta e três anos, e esse período deve ter uma História muito linda, né?”

                   (Tia Neiva):

                   JESUS, Ele... JESUS aos doze anos, Ele estava num grande Mercado, um Teatro como eles falavam, discutindo com os Doutores, e há três dias NOSSA SENHORA e SÃO JOSÉ procurava por Ele, e então chegou e falou, né? Como tem no Evangelho:

                   “ – Meu Filho, nós lhe procuramos há três dias!...”

                   Então Ele disse que estava fazendo as coisas de Meu Pai que está no Céu, não é? Nisso, JOSÉ DE ARIMATÉIA...

                   Pede ali pro Mário uma fita, meu Filho... Pode deixar agora, tem muita fita ainda. Tá certo o lado da fita? Ali tá passando. Tem volume?...

                   Então, JESUS estava desaparecido há três dias, e NOSSA SENHORA saiu e encontrou Ele discutindo num grande Mercado, Ele discutindo com os Mestres, com os Médicos e os Doutores da Lei daquele tempo.

                   Então Jesus, foi quando ela disse:

                   “ – Meu Filho, você estava desaparecido...”

                   Ele disse que estava fazendo as coisas de meu Pai que está nos céus...

                   JOSÉ DE ARIMATÉIA era um LHAMA de TIBET, era um daqueles RABINOS do TIBET, era Doutor da Lei, então pediu a SÃO JOSÉ pra levar JESUS no Templo do TIBET e se iniciar e fazer o seu Doutorado. Então JESUS, então SÃO JOSÉ entregou JESUS, e Ele foi.

                   Que a grande Missão de JESUS, foi A ORGANIZAÇÃO DOS PLANOS ESPIRITUAIS, dos PLANOS ESPIRITUAIS. JESUS não veio só pra ser pregado na cruz, porque assim não havia... Realmente era um objetivo mais amplo...

                   Olha, algum de vocês quiser ir embora, eu tô segurando, não tem condução...

                   Então Ele foi lá, Ele foi preparar, e Ele formou todos esse Planos, todo esse PLANO ETÉRICO. Antigamente um Homem recebia quatorze Espíritos, e matavam, se matavam, toda brincadeira era só de matar, porque aqueles Espíritos, eles saiam, inclusive daqueles GLADIADORES, eles saiam de um e ali mesmo ele vinha se vingar com outros, viviam naqueles...

                   Então JESUS, com doze anos, foi levado à presença do GRANDE DALAI que nós chamamos na nossa Iniciação. Eles tiveram tanta vergonha, que cobriram o rosto pra fazer a Iniciação de JESUS.

                   Não vê que vocês põem um pano, a gente põe um pano no rosto. Eu iniciei também tampando o rosto.

                   Então os Mestres tamparam o rosto pra fazer a Iniciação Dele e foram seguindo. Ele também pegou um e tampou o rosto Dele, mostrando a Humildade.

                   Quer dizer que nós aqui fazemos isso, entendeu? Pela Santa Lei que é esta. Os Mestres dentro ali da Iniciação deveriam estar com o capô tampando também, mas eu sempre tive dificuldade de respiração, o Pai Seta Branca abriu Mão, e Mãe Yara que ali dentro os que ficassem não tampassem o rosto, mas era pra tampar o rosto com o capú também...

                   É capú? Capô? Como é que chama? Capuz!

                   Então Ele ficou lá, JESUS fez o Doutorado. JESUS era um Rabino, um Doutor da Lei. Então, Ele fez, diz Mãe Yara, que ali ele promoveu todos os Planos, formou, fez essas grandes Plataformas, essas Dimensões que é as escadas das subidas. Tudo foi organizado por JESUS entre os doze anos e os trinta anos.

                   Quando Ele fez o Doutorado, JOSÉ DE ARIMATÉIA que sempre estava em vista de JESUS, que ele pedia notícias, então Ele, JESUS saia do corpo e ia falar com a Mãe e com o Pai, se transportava, saia levitando e ia ter com o Pai e a Mãe, pra Mãe não sofrer a falta Dele.

                   Quando Ele fez os trinta anos, que Ele fez o Doutorado, JOSÉ DE ARIMATÉIA trouxe ELE, então se preparou na Sinagoga, foi a primeira decepção de JESUS, na Sinagoga, que era a Grande Catedral, né? E lá se falava na chegada do Grande MESSIAS, todo mundo esperava o MESSIAS. Então se falava na Sinagoga que vinha o Grande Messias.

                   JOSÉ DE ARIMATÉIA veio na frente e foi preparar uma grande festa, que ele sabia que era JESUS, ele teve lá aquele tempo todo em TIBET com JESUS, ele sabia o Poder de Jesus.

                   Mas Jesus ao passar, passou pelo Mar Vermelho, né? E lá estavam os pescadores, estavam ali já esperando. Mar da Galiléia? Acho que é, né? Os pescadores ali, jogavam a tarrafa e não vinha um peixe, tavam tristes ali, aí JESUS chegou ali e falou, Pescadores de Peixes, chamou que eles viessem e que a partir daquele dia eles eram Pescadores de Almas. Mas eles já tavam tudo preparados por JESUS, né?

                   É como esses meninos ADJUNTO aí, que eu falo, vocês todos cada um aqui tem o seu cantinho já, há quantos mil anos, não é?

                   Então meus filhos, os pescadores ficaram assim, Ele jogou a tarrafa, e eles: Mas não tem peixe... E Ele jogou a tarrafa e mal deram conta, todos se juntaram pra puxar. Então, todos viram que JESUS tinha uma Força Especial e acompanharam JESUS.

                   Mas quando chegou em casa, NOSSA SENHORA tava feliz esperando JESUS, e Ele chegou com aqueles pescadores, mal cheirosos de peixes... Ai JESUS ficou, NOSSA SENHORA arrumou no paiol, que eles ficassem no Paiol e o quarto Dele. Mas quando foi, logo depois ela foi ver e JESUS não dormiu na cama, passou a noite conversando com os pescadores...

                   Então JESUS não viu a decepção que Ele ia ter no outro dia. Ai os Rabinos estavam todos à espera no Grande Templo. E JESUS entrou, como tava marcado por JOSÉ DE ARIMATÉIA que era o professor Dele, tava ali o Evangelho, entenderam? A Escritura Sagrada. JESUS abriu e disse:

                   “ – E eis que chegará o Filho do Homem...”

                   E eis que chegará o Messias, o Filho do Homem, eu não sei como Mãe Yara fala com tanta ênfase esse pedaço. E aí Ele disse:

                   “ – E aqui estou, em Espírito e Verdade!”

                   Afirmando que Ele era o Grande Messias, que veio pra fazer essa grande obra da Terra. Ai baixou a cabeça e quando Ele levantou, só tinha os pescadores, os Rabinos todos abandonaram, viraram as costas pra Ele. Então Ele foi e falou pros pescadores:

                   “ – Porquê vocês não foram com eles?”

                   “ – Não fomos porquê acreditamos em Ti..”

                   Todos de uma só vós. Ai começou o primeiro Mantra nessas simples palavra afirmativa dos Discípulos, não fomos porque acreditamos em Ti.

                   Ai Ele sai, né, sozinho. Que Ele chega e tá aquele povão vendendo cabrito, vendendo pombo, vendendo, aquele comércio, ai Ele pega uma cinta que estava assim e sai surrando todo mundo que tava vendendo as coisas. Ele começou assim, né? Em tudo Mãe Yara procura uma razão pra mim.

                   Salve Deus!

                   E aí é a Grande História, Ele começa a falar. Vê como Ele falava daqui e todo mundo do outro lado do Rio JORDÃO ouvia escutava. Ele falou o SERMÃO DA MONTANHA e todo mundo escutava o que Ele dizia.

                   E Mãe Yara falava e eu acompanhava como se fosse um cineminha. Aquelas coisas tão verdadeiras, que eu vivi, eu vivia como se eu estivesse a dois mil anos atrás.

                   Salve Deus!

                   Assim que eu adquiri as coisas, que eu me acalmei, e que eu tinha, acabou aquela falta de caridade minha de falar pras pessoas que tava...

                   Hoje eu sofro muito, quando eu vejo você, às vezes uma pessoa se despedir de mim, já vai morrer aquela pessoa, eu não posso dizer nada, sabem? Eu não posso, entre nós tem coisas que nós juramos, e o meu silêncio, sabem, pode evitar muita coisa, como às vezes eu dizendo...

                   O melhor é eu ficar calada, como vocês sabem que aconteceu o ano passado, eu via tudo e não podia gritar, às vezes fazia gestos assim dentro do carro, mas avisei a todos vocês do que acontecia, do que ia acontecer...

                   (Trino AJARÃ – Mestre Gilberto Zelaya):

                   “ – Então, aos trinta e um anos JESUS foi um Doutorando no TIBET”

                   (Tia Neiva):

                   JESUS é o Doutor da Lei, JESUS foi, não precisava, naturalmente se diz, porque Ele veio das Grandes, dos Grandes conhecimentos.

                   Salve Deus meus Filhos!





Tia Neiva

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